27 abril 2008

Brasil caminha para ter maior área plantada de soja no mundo

Por Juliano Domingues, da Radioagência NP

Ainda em 2008 o Brasil pode ultrapassar os Estados Unidos (EUA) na exportação de soja. A estimativa pertence ao relatório “O Brasil dos Agrocombustíveis” produzido pela Organização Não-Governamental (ONG) Repórter Brasil. Os males sociais e ambientais causados pelo aumento da produção de agrocombustíveis no Brasil foi tema de uma discussão promovida pela ONG nesta quinta-feira (24), em Buenos Aires, capital da Argentina.
O relatório mostra que a expansão do cultivo de soja no país está relacionada com a febre dos agrocombustíveis. Os EUA têm aumentado a demanda de etanol produzido a partir do milho – deixando de lado o cultivo de outros alimentos. Para suprir a procura por soja, o Brasil aumentou e muito o plantio do grão. Estima-se que no máximo em seis anos o país terá a maior área plantada de soja no mundo.
A produção de soja aumentou quase 8% no Nordeste e 20% na Região Norte. Tais lavouras avançam sobre a Amazônia, tomam o lugar antes destinado para a pecuária. Essa expansão também está provocando altos índices de desmatamento na floresta.
Ainda de acordo com o estudo, o cultivo da soja tem ligação com o trabalho escravo. O relatório mostra que mais de 5% dos casos deste tipo de exploração ocorridos em 2007 foram em áreas usadas para a plantação de soja.

Fonte: http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=4488&Itemid=1

19 abril 2008

Frei Henri denuncia ocupações ilegais no sul do Pará

O advogado da Comissão Pastoral da Terra, Frei Henri des Rosiers, que atua na Diocese do Xingu, esteve em Belém, na manhã desta terça-feira (15), para denunciar a ocupação ilegal de duas áreas de assentamento na região sul do Pará.
Segundo o religioso, que sofre ameaças de morte por sua atuação em defesa da reforma agrária na região, pesquisas em uma mina de níquel descoberta pela mineradora Vale causam sérios danos ao meio ambiente.
Frei Henri veio à capital para denunciar o caso através de uma representação contra a Vale no Ministério Público Federal. 'Vim denunciar as irregularidades que a empresa está fazendo dentro da área dos projetos de assentamento do Incra, em Ourilândia do Norte e São Félix do Xingu. Ela - a empresa - se apossou de maneira ilegal dessas áreas quando descobriu minas de níquel nesses assentamentos', denuncia o religioso. Os assentamentos em questão são o Campos Altos, em Ourilândia do Norte; e Tucumã, em São Félix do Xingu.
De acordo com o advogado da CPT, a empresa começou as pesquisas na região nos anos 90, mas desde 2005 pressiona os colonos a vender suas terras. 'Alguns acabaram vendendo porque não tinham mais condições de morar nos locais mais atingidos. Há muitas queixas de colonos dizendo que não conseguem mais criar gado por causa da poluição; as paredes das casas também estão rachando', conta Henri.
Para Henri, a situação é grave. 'São colonos que vivem nessas áreas há mais de 20 anos e a Vale está se instalando lá sem nenhuma autorização oficial do Incra. Isso é invasão de terra pública', acusa.
A ação, que será protocolada hoje no Ministério Público Federal, é por danos ambientais e destruição do patrimônio público. 'As estradas e casas dos colonos, que foram construídas com dinheiro público, estão sendo destruídas', diz o religioso.
Assentamentos - Mais de 120 mil famílias vivem nos assentamentos Campos Altos, em Ourilândia do Norte; e Tucumã, em São Félix do Xingu. Dos dois, Tucumã é o maior, com mais de 100 mil famílias. A área do assentamento, segundo a CPT, é quase da extensão do município de Xingu, mas o conflito ocorre numa área de cerca de 7 mil hectares. 'Desses cinco mil já foram ocupados pela Vale irregularmente', diz Frei Henri. Os colonos vivem no local há mais de 20 anos.
Já Campos Altos, são mais de 200 mil famílias, ocupando uma área de cerca de 8 mil hectares, há mais de 10 anos.
O Portal ORM tenta contato com a Companhia Vale para saber sua posição sobre as acusações feitas pelo advogado da CPT.

Fonte: Portal ORM (www.orm.com.br), Redação On-line - Ultimas noticias, matéria postada no dia 15/04/2008 as 12h24m

11 abril 2008

A luta continua até o último índio! Carta da Raposa Serra do Sol

Nós, comunidades indígenas da Raposa Serra do Sol-RR, diante da suspensão da Operação Upatakon 3, por determinação do Supremo Tribunal Federal, a pedido do governo do Estado de Roraima, manifestamos:
Há mais de trinta anos sofremos com num doloroso processo de reconquista das nossas terras, que acreditávamos seria concretizado pelo Estado Brasileiro, em cumprimento à Constituição Federal, aos direitos humanos dos povos indígenas e ao decreto de homologação do Presidente da República.
Chega de sofrimento, já esperamos demais! Tivemos calma, muita paciência e confiança nas autoridades, mas agora basta! Independente das autoridades, podemos decidir sobre o nosso futuro e tomar providências, com a união do nosso povo, na desintrusão dos invasores de nossa terra.
Onde estão as autoridades? Os homens da Lei? Pontes foram queimadas, pessoas agredidas, bombas fabricadas aos olhos das autoridades, tratores ‘cortaram’ estradas aos olhos dos canais de televisão, até carro-bomba foi usado contra a Polícia e quase nada foi feito até agora.
Muitas vezes fizemos o papel das autoridades pedindo paciência aos nossos irmãos. Nós acreditamos no governo, mas a lentidão das autoridades federais, permitiu que os inimigos dos nossos direitos se manifestassem violentamente e conseguissem inverter a situação, sacrificando nós, povos indígenas.
Não aceitamos que as autoridades tenham esperado três anos e tenham permitido todo o terrorismo dos últimos onze dias na Raposa Serra do Sol até que o Supremo pudesse mandar suspender a Operação. Repudiamos a atitude do governo estadual que preferi sacas de arroz em detrimento da vida de 18.992 índios.
Os últimos acontecimentos promovidos pelos arrozeiros, impunes diante de tantos crimes, abrem caminho para mais injustiça e descaso. Não toleramos mais enriquecimento a nossas custas, estamos defendendo nossa a terra.
Definitivamente chega! A Luta continua até o último índio!

Raposa Serra do Sol, 09 de abril de 2008

Fonte: http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=13111