02 maio 2007

Fazendeiro cumpre promessa: trabalhador sem terra é assassinato no nordeste do Pará

Hoje por volta das 09:00h da manhã, em Iritúia/Pará, distante 300 km de Belém, o trabalhador rural Antônio Santos do Carmo, 60 anos, foi assassinado em uma emboscada preparada pela milícia armada (20 pistoleiros) do fazendeiro José Anísio, conhecido como Zé do Café. Além do assassinato, mais seis trabalhadores sem terra ficaram gravemente feridos.
Zé do Café é conhecido na região pela prática de violência armada e pela grilagem de terras públicas. Hoje, durante a re-ocupação da fazenda São Felipe, o motorista do fazendeiro liderava a milícia armada que levou a morte de um trabalhador e feriu gravemente mais seis integrantes do MST.
A fazenda São Felipe localizada no município de Iritúia, BR-010, é uma área de cerca de três mil hectares. Vistorias do INCRA dão conta que a área é grilada e improdutiva e está arrendada para outros fazendeiros para fins de pecuária, e praticamente 90% da área encontra-se devastada. O processo de desapropriação já está em curso no INCRA.
Lideranças do MST denunciaram a participação de policiais militares na milícia que despejou de forma ilegal as famílias no dia 03 de janeiro de 2007. As denuncias foram encaminhadas a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos – SEJU.
Em protesto a situação de violência na região, a grilagem e a concentração fundiária, os trabalhadores sem terra acampados ocuparam a BR-010, no km 19 do município de Iritúia, exigindo que as autoridades responsáveis do Estado e o Governo Federal se dirijam à área e tomem providências em relação ao crime, desarmando os fazendeiros e desarticulando as suas milícias; ofereçam todo atendimento médico e hospitalar, necessários aos feridos; encaminhem o assentamento imediato das famílias; e prendam imediatamente o fazendeiro envolvido no crime.
O MST está indignado com a pouca celeridade dos processos protocolados na SEJU e na Secretaria de Segurança Pública denunciando o envolvimento de policiais civis e militares na ação violenta dos fazendeiros. A morosidade do INCRA também contribui significativamente para que a violência na região se alastre. Como é sabida a área é grilada e ainda não foi desapropriada.
O Pará tem sido destaque nacional e internacional de crimes no campo, em 2006 ocorreram 24 assassinatos de trabalhadores e 8 tentativas de assassinatos. A violência contra trabalhadores rurais que lutam pela reforma agrária tem sido uma prática marcante e constantemente ressaltada pelos fazendeiros que de forma descarada anunciam via imprensa que estão com milícias armadas e preparados para “mandar chumbo” contra trabalhadores, e nada se fez, ocasionando novas mortes no campo paraense.

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Comissão Pastoral da Terra, Conselho Pastoral dos Pescadores, Pastoral Social, Comitê Dorothy, SDDH, Caritas Norte II