Zé do Café é conhecido na região pela prática de violência armada e pela grilagem de terras públicas. Hoje, durante a re-ocupação da fazenda São Felipe, o motorista do fazendeiro liderava a milícia armada que levou a morte de um trabalhador e feriu gravemente mais seis integrantes do MST.
A fazenda São Felipe localizada no município de Iritúia, BR-010, é uma área de cerca de três mil hectares. Vistorias do INCRA dão conta que a área é grilada e improdutiva e está arrendada para outros fazendeiros para fins de pecuária, e praticamente 90% da área encontra-se devastada. O processo de desapropriação já está em curso no INCRA.
Lideranças do MST denunciaram a participação de policiais militares na milícia que despejou de forma ilegal as famílias no dia 03 de janeiro de 2007. As denuncias foram encaminhadas a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos – SEJU.
Em protesto a situação de violência na região, a grilagem e a concentração fundiária, os trabalhadores sem terra acampados ocuparam a BR-010, no km 19 do município de Iritúia, exigindo que as autoridades responsáveis do Estado e o Governo Federal se dirijam à área e tomem providências em relação ao crime, desarmando os fazendeiros e desarticulando as suas milícias; ofereçam todo atendimento médico e hospitalar, necessários aos feridos; encaminhem o assentamento imediato das famílias; e prendam imediatamente o fazendeiro envolvido no crime.
O MST está indignado com a pouca celeridade dos processos protocolados na SEJU e na Secretaria de Segurança Pública denunciando o envolvimento de policiais civis e militares na ação violenta dos fazendeiros. A morosidade do INCRA também contribui significativamente para que a violência na região se alastre. Como é sabida a área é grilada e ainda não foi desapropriada.
O Pará tem sido destaque nacional e internacional de crimes no campo, em 2006 ocorreram 24 assassinatos de trabalhadores e 8 tentativas de assassinatos. A violência contra trabalhadores rurais que lutam pela reforma agrária tem sido uma prática marcante e constantemente ressaltada pelos fazendeiros que de forma descarada anunciam via imprensa que estão com milícias armadas e preparados para “mandar chumbo” contra trabalhadores, e nada se fez, ocasionando novas mortes no campo paraense.