A construção de duas hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia, fará com que dois povoados desapareçam. O primeiro será Teotônio, que será inundado pelo reservatório da hidrelétrica Santo Antônio, a primeira a ser licitada. A licitação ocorrerá por meio de leilão no próximo dia dez [vencido pelo Consórcio Madeira Energia, liderado pelo Grupo Odebrecht e pela estatal Furnas]. A usina Jirau deverá ter seu leilão no início de 2008.
A proximidade dos leilões preocupa o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O movimento estipula que as hidrelétricas do Rio Madeira deverão desalojar mais de dez mil pessoas. Os Estudos de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) elaborados pelas empresas Furnas e Odebrecht previam apenas três mil pessoas. De acordo com o coordenador nacional do MAB, Wesley Lopes, as famílias ainda não sabem para onde irão.
“As audiências públicas não deram garantia de nada. O que eles prometem, que é promessa, é uma indenização financeira. Mas não fala que área vai ser, onde vai ser. Eles não apresentam isso. E aqui em Rondônia não há área de assentamento, eles não prometeram assentamento. E há muita insegurança das famílias, porque de garantia não tem nada”.
Além do desalojamento, a população ribeirinha também deve sofrer com a proliferação do mosquito da malária e com impactos na pesca. O próprio EIA/Rima prevê que 21 espécies de peixes vão desaparecer.
Wesley lembra que a população urbana também será impactada. Haverá o deslocamento de milhares de pessoas para a cidade. Poderá haver infiltração de mercúrio nos lençóis freáticos que fornecem água para Porto Velho. As construções no leito do Rio Madeira deverão remexer o mercúrio depositado no local, poluído devido às atividades de garimpo.
Fonte: http://www.radioagencianp.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3491&Itemid=1