03 março 2007

Mulher, terra e água

O que faz a camponesa quando perde o encanto pela terra?
O tolo sobre o telhado segue a água a vazar a terra.
Já o bobo espia a água a atravessar o vão das pedras, acertar sementes.
No vão dos dias cantiga de lavadeiras do Tocantins-Araguaia.

Na fresta das noites ladainhas velam filhos e parceiros tombados.
Faz muito tempo não mutirão.
Dias de calor água mata a sede.
Dias de fome água na comida pra multidão.
Banho de chuva não amansa coração.
Nem indignação.

Rosas não falam. Melhor assim.
A gritar no silêncio. Fortes. Belas.
Vermelhas como a vida.

A agasalhar: companheiros, crias, amantes, namorados,
amigos, irmãos, irmãs, mães e pais.
Gigantes. Como o poder da água.
Canto de Iemanjá e Iara.
Terra que um dia nos acolherá em definitivo.

Rogério Almeida é jornalista, escritor, poeta, amazônida e colaborador da rede
www.forumcarajas.org.br
Correio eletrônico:
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