Por Allan Tomaz Cardoso - membro da Associação Cultural de Resistência Popular: Comunitária Resistência FM – 90,1 MHz
Por volta das 11h da manhã desta quarta-feira, 30 de janeiro de 2008, a Polícia Federal invadiu, literalmente, e pela porta dos fundos, a sede da Associação Cultural de Resistência Popular: Comunitária Resistência FM (90,1 MHz), localizada na passagem Jarina, bairro do Marco, periferia de Belém.
No ato da operação, a diligência policial não possuía mandado expedido por juiz federal. Mesmo assim, prendeu o companheiro Ângelo Madson da Costa Barbosa, 27 anos, membro da nossa associação, e levou consigo o transmissor da rádio e a mesa de som, além de destruir os cabos de transmissão.
A truculência da polícia foi tamanha que eles ainda chutaram os livros que compõem a biblioteca da associação, arrancaram cartazes que estavam pregados nas paredes e que representam símbolos e história da nossa luta e prenderam a bandeira da rádio, acusando-nos de “terroristas”. Como não podia deixar de ser, a Polícia Federal estava, novamente, acompanhada dos técnicos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Essa foi a segunda vez que Polícia Federal e Anatel ocupam a sede da Comunitária Resistência FM e repetem a mesma cortesia fascista de sempre: xingam, dão porrada, prendem pessoas sem nenhuma acusação e ainda roubam a propriedade alheia, independente do aval da justiça.
Em pleno século XXI, a população pobre das periferias brasileiras, em particular a de Belém do Pará, ainda sofre com o preconceito e a violência do Estado e com a falta de direito à livre associação e à liberdade de expressão.
Nós ainda estamos vivendo no cárcere de uma sociedade hegemonicamente burguesa e fascista, que usa a “Democracia” como fetiche para nos manter cegos, surdos e mudos aos nossos próprios anseios e necessidades, como manda a ordem que nos é imposta, escondendo a verdadeira face opressora e maligna daqueles que nos exploram e alienam.
Mas não será dessa vez que a repressão e o autoritarismo do Estado vão nos abalar e nos fazer desistir da luta. Ao contrário. Não vamos descansar um só minuto enquanto não acabarmos com o coronelismo na mídia brasileira. Não descansaremos enquanto não tivermos plenamente garantido o nosso direito de falar, de pensar, de expressar nossas opiniões, idéias e sentimentos, sem censura ou autorização de um Estado corrupto e falido.