18 janeiro 2008

Outras matrizes energéticas são uma alternativa para as comunidades mais isoladas

Mais de um milhão de casas não têm acesso ao serviço de energia elétrica na região amazônica. Detentor do maior potencial hidrelétrico do país, o Estado do Pará ainda sofre com a precariedade no fornecimento de energia elétrica. Em 2003, 27% da população, ou 1,8 milhões de pessoas não tinham acesso à energia elétrica no Estado, segundo o Instituto de Eletrotécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Uma vez que os grandes empreendimentos hidrelétricos não contemplam as pequenas populações isoladas na região, uma alternativa seria a utilização de outras matrizes energéticas, é o que defende o professor João Tavares Pinho, membro do Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas (Gedae) da Universidade Federal do Pará.
Segundo Pinho, a solução convencional utilizada pelas concessionárias de transporte, o chamado “linhão”, apresenta problemas técnicos e custo elevado que abranja as regiões mais isoladas da Amazônia. Além do mais, a população dessas comunidades, geralmente de baixa renda, não teria um consumo que justificasse o investimento de uma concessionária. “Para esse caso, a melhor solução é a geração descentralizada, com geração de energia no próprio local de consumo”, explica.
Pinho afirma que a região amazônica apresenta potencialidade para “quase todas” as matrizes energéticas, tais como a eólica – “não somente nas regiões costeiras, mas também em regiões interioranas com um relevo acentuado ou rios mais largos” -, energia produzida através da biomassa, solar e até mesmo hidrogênio. O professor defende que a matriz hídrica, principal matriz energética da região, precisa ser utilizada não somente em grande porte, mas também em pequenas e micro centrais hidrelétricas: “Falta uma vontade política e uma organização da sociedade para levar isso às comunidades”.
Para João Pinho, “a energia é um meio, não um fim. É uma maneira para obtenção de outras atividades fim, como produção, lazer, saúde e tem um cunho muito social, principalmente para a nossa região, que precisa de desenvolvimento socioeconômico”.

por Augusto Rodrigues – ASCOM/UFPA