Mais de um milhão de casas não têm acesso ao serviço de energia elétrica na região amazônica. Detentor do maior potencial hidrelétrico do país, o Estado do Pará ainda sofre com a precariedade no fornecimento de energia elétrica. Em 2003, 27% da população, ou 1,8 milhões de pessoas não tinham acesso à energia elétrica no Estado, segundo o Instituto de Eletrotécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Uma vez que os grandes empreendimentos hidrelétricos não contemplam as pequenas populações isoladas na região, uma alternativa seria a utilização de outras matrizes energéticas, é o que defende o professor João Tavares Pinho, membro do Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas (Gedae) da Universidade Federal do Pará.
Segundo Pinho, a solução convencional utilizada pelas concessionárias de transporte, o chamado “linhão”, apresenta problemas técnicos e custo elevado que abranja as regiões mais isoladas da Amazônia. Além do mais, a população dessas comunidades, geralmente de baixa renda, não teria um consumo que justificasse o investimento de uma concessionária. “Para esse caso, a melhor solução é a geração descentralizada, com geração de energia no próprio local de consumo”, explica.
Pinho afirma que a região amazônica apresenta potencialidade para “quase todas” as matrizes energéticas, tais como a eólica – “não somente nas regiões costeiras, mas também em regiões interioranas com um relevo acentuado ou rios mais largos” -, energia produzida através da biomassa, solar e até mesmo hidrogênio. O professor defende que a matriz hídrica, principal matriz energética da região, precisa ser utilizada não somente em grande porte, mas também em pequenas e micro centrais hidrelétricas: “Falta uma vontade política e uma organização da sociedade para levar isso às comunidades”.
Para João Pinho, “a energia é um meio, não um fim. É uma maneira para obtenção de outras atividades fim, como produção, lazer, saúde e tem um cunho muito social, principalmente para a nossa região, que precisa de desenvolvimento socioeconômico”.