14 julho 2008

Governo busca conciliação com donos de terras

Por Maurício Thuswohl, da Agência Carta Maior

Determinado a colocar um ponto final na disputa política com proprietários de terras na Amazônia, o governo federal investe no pragmatismo e busca um denominador comum que possa frear novamente, e o mais rapidamente possível, o desmatamento na região. Na busca por um acordo, e seguindo orientações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) parece disposto a, literalmente, ceder terreno, como provam duas ações governamentais em andamento.
No Senado, com o apoio do ministro Carlos Minc, foi aprovada e agora segue para a sanção de Lula a Medida Provisória 422/08, que muda a Lei de Licitações e aumenta de 500 para 1.500 hectares a área máxima de terras da União que pode ser vendida sem licitação. Em outra frente, uma parceria do MMA com o IBGE realizará uma revisão cartográfica que vai definir novos limites para a Amazônia Legal. Essa iniciativa interessa especialmente aos proprietários cujas terras se dividem entre a Amazônia e o Cerrado, sobretudo os de Mato Grosso, que esperam aumentar em suas propriedades a área que não precisa ser submetida a normas mais rígidas de preservação ambiental.
A MP 422/08 foi aprovada pelo plenário do Senado na quarta-feira (9), por 37 votos a 23, com três abstenções. A aprovação foi possível graças aos votos do PMDB e do DEM. Os senadores do PT e do PSDB, em sua maioria, ainda tentaram barrar a MP, mas o relatório do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), acabou sendo aprovado, numa decisão comemorada por parlamentares da bancada ruralista.
A liderança da resistência à MP foi assumida pela senadora Marina Silva (PT-AC). Contrariada, a ex-ministra chegou a apresentar uma emenda para excluir as áreas de floresta pública da faixa de ampliação da concessão para venda. Após votação nominal, no entanto, a proposta de Marina foi derrotada: “Essa medida vai significar um processo de privatização de terras e de legalização de áreas que foram ilegalmente griladas, com graves prejuízos para o Plano de Combate ao Desmatamento da Amazônia”, protestou a ex-ministra.

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