23 julho 2008

Justiça Federal descobre grilagem de terras indígenas no sul do Pará

Por Carlos Mendes, da Redação de O Liberal

Era tudo uma grande mentira. Uma trapaça do tamanho de dois países europeus juntos: Bélgica e Holanda. Ocupantes tradicionais do megalatifúndio de 3,8 milhões de hectares, os índios caiapós sequer desconfiavam que num escritório de Nova Iorque (EUA) e em outro gabinete, no Brasil, suas terras eram vendidas a preço de banana, R$ 1,20. As fazendas Santa Margarida e Carapanã, com suas dimensões adulteradas no cartório do 1º Ofício de São Félix do Xingu, no sul do Pará, foram protagonistas de uma novela fundiária com final feliz. A felicidade, no caso, foi do patrimônio público paraense, ameaçado por uma quadrilha que não pensou duas vezes em se valer até mesmo de 'fantasmas', como Jovelino Nunes Batista e Joaquim Conceição de Menezes, para se apossar de áreas ricas em mogno e minérios.
A Justiça Federal acabou com a farra dos grileiros, impedindo uma guerra declarada no Xingu pelos índios caiapós. Eles jamais permitiriam que os autores da fraude tomassem posse das terras. A venda foi anulada pelo juiz federal Carlos Henrique Hadad em decisão tomada em junho passado, mas só agora divulgada. A fraude foi descoberta e denunciada com exclusividade pelo jornal O LIBERAL em setembro de 1998.
Na aldeia Gorotire, em São Félix do Xingu, os caiapós souberam pelo repórter que suas terras tinham sido vendidas à empresa norte-americana Allied Cambridge LLC, por U$$ 1 milhão. 'Vai ter guerra por aqui. Ninguém vai tomar o que é nosso', avisou o guerreiro Akróêtyk. Os índios chegaram a se pintar para a guerra. O cacique disse que a justiça teria de anular imediatamente a venda fraudulenta. Akróêtyk foi incisivo: 'Branco só entra em terra caiapó quando índio deixa'.

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