12 fevereiro 2008

A (HÁ) Violência no campo. Até quando?

Por Elen Pessoa, do Instituto Amazônia Solidária e Sustentável

Constantes denúncias chegam ao judiciário brasileiro e local, anunciando os nomes marcados para morrer, e que muitas vezes são colocados à margem, e nem sequer ouvidos com o devido respeito ou seriedade que esses casos requerem. A impressão que se tem é que essas ameaças de morte não têm nenhum valor se denunciadas, só tendo importância e legalidade quando o crime acontece. Os números referentes aos assassinatos por conflitos de terra no Brasil, continuam e parecem receber o descaso da justiça e da sociedade. Segundo dados da CPT, em 2004 foram 37 trabalhadores rurais assassinados contra 38 em 2005 (fonte: Correio Brasiliense-abr/2006).
Foi o caso de nomes de lutadores e defensores de idéias e projetos com objetivos de mudanças para comunidades que buscam um espaço de terra para garantir sua reprodução e de suas famílias, terras essas onde na maioria dos casos costumam ser ocupadas comumente de forma ilegal, a partir da grilagem de terras. Como exemplo desse estado de violência, têm-se os casos de Expedito, o massacre de Eldorado do Carajás e mais recentemente a morte de Irmã Dorothy.
Já se passaram 03 (três anos), e até o presente momento, o processo de punição pelo assassinato da Irmã Dorothy ainda não foi concluído. A sua morte, ocorrida de forma cruel e covarde, como tantas outras que se mantém no anonimato, ainda não foi suficiente para levar aos olhos da justiça a necessidade de finalizar essas barbáries. A data de 12.02.08 representa mais uma lembrança de quem lutou pela liberdade, como diria Thiago de Mello – do “povo da floresta”, os quais buscam valer um dos princípios básicos da Constituição Federal: “a dignidade da pessoa humana” e “construir uma sociedade livre, justa e solidária”. E como garantir direitos estabelecidos pela Constituição brasileira, onde um deles, a própria vida, não é respeitado?
Essas questões ressaltam e reforçam a necessidade de luta e unidade dos movimentos sociais, entre eles os do campo, para que não se permita que essa realidade se prolongue, é certo que a mobilização dos movimentos não finalizará esse processo, mas a força dessa luta um dia poderá refletir, ou pelo menos mostrar à sociedade, que ninguém está de braços cruzados, e que pequenas ações quer de denúncias, de pesquisas sobre esses conflitos e divulgação na mídia, mesmo sabendo da resistência desses veículos e canais de comunicação, poderá mudar esse cenário de injustiça e impunidade.