Três fatos que marcam a história da trajetória camponesa do Bico do Papagaio, norte do Tocantins, sul do Pará e oeste do Maranhão, completam décadas de vida. No próximo mês de maio [texto escrito em 2006], dia 10, a execução do Padre Josimo Tavares, assassinado com um tiro pelas costas, no município de Imperatriz, oeste do Maranhão, completa duas décadas. Já em abril, no dia 17, o Massacre de Eldorado soma a primeira. O episódio tem a chancela da impunidade, onde todos os envolvidos estão em liberdade. O capítulo da triste página de nossa história ocorreu no sudeste do Pará. Estado que ocupa o primeiro lugar no ranking de violência contra camponeses. Os quase oitocentos casos de mortes registrados, ao longo de 30 anos, tem perto de cem por cento de impunidade.
O massacre ocorreu em pleno regime dito democrático, sob as ordens de dirigentes do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Presidia o país o doutor em sociologia Fernando Henrique Cardoso, e o estado do Pará era dirigido pelo médico Almir Gabriel.
A coerção pública e privada tem marcado a luta pela terra e os recursos naturais nessa faixa da Amazônia, contra os camponeses e suas variadas formas de organização. Não raro com gente assassinada somente num extremo, o que descaracteriza o enquadramento de conflito.
A tese de conflito é desqualificada ainda, ao se analisar a diferença de forças. E mesmo a atitude do poder Judiciário que, sempre ágil na expedição de liminares de reintegração de posse, revela-se sonolento no encaminhamento dos processos que envolvem execução de dirigentes camponeses, sem terra e assessores.
Pe. JOSIMO
Ordenado em 1979, Pe. Josimo foi morto muito jovem. O religioso somava apenas 33 anos. Negro e pobre, fez a opção pelos pares camponeses. Na obra da inglesa Binka Le Breton, "Todos Sabiam", lançada pela Loyola (2000), a autora ressalta que a ação de Josimo não tinha unanimidade.
O padre que escapou de um atentado, teve a vida marcada por denunciar a ação dos fazendeiros e grileiros. A atitude do padre frente às atrocidades cometidas contra posseiros se alinhava com um segmento da Igreja Católica, que em prática e discurso havia feito a opção pelos oprimidos.
O massacre ocorreu em pleno regime dito democrático, sob as ordens de dirigentes do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Presidia o país o doutor em sociologia Fernando Henrique Cardoso, e o estado do Pará era dirigido pelo médico Almir Gabriel.
A coerção pública e privada tem marcado a luta pela terra e os recursos naturais nessa faixa da Amazônia, contra os camponeses e suas variadas formas de organização. Não raro com gente assassinada somente num extremo, o que descaracteriza o enquadramento de conflito.
Pe. JOSIMO
Ordenado em 1979, Pe. Josimo foi morto muito jovem. O religioso somava apenas 33 anos. Negro e pobre, fez a opção pelos pares camponeses. Na obra da inglesa Binka Le Breton, "Todos Sabiam", lançada pela Loyola (2000), a autora ressalta que a ação de Josimo não tinha unanimidade.
O padre que escapou de um atentado, teve a vida marcada por denunciar a ação dos fazendeiros e grileiros. A atitude do padre frente às atrocidades cometidas contra posseiros se alinhava com um segmento da Igreja Católica, que em prática e discurso havia feito a opção pelos oprimidos.
Rogério Almeida é autor do livro Araguaia-Tocantins: fios de uma história camponesa/2006. Mestre em Planejamento do Desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), e colaborador da rede Fórum Carajás: www.forumcarajas.org.br
Correio eletrônico: araguaia_tocantins@hotmail.com
Para receber a versão integral deste texto envie mensagem para institutoamasblog@yahoo.com.br
Foto: Dion Monteiro