17 abril 2007

Pará é recordista em assassinatos no campo em 2006

O Pará é novamente recordista nacional em assassinatos no campo com 24 casos registrados em 2006. A informação foi divulgada pela CPT (Comissão Pastoral) em entrevista coletiva realizada em Belém na tarde desta segunda-feira (16). O número é 50% maior que o registrado em 2005, quando ocorreram 16 assassinatos no campo.
A advogada da CPT, Rosilene Silva, credita o aumento ao fato de que no ano passado a questão do crime agrário ter sido menos destacado na mídia. 'Em 2005 foi o ano que Dorothy Stang morreu, desceu toda aquela força-tarefa para o Estado, presença do Exército em Anapu; tudo isso criou um impacto e inibiu ações nesse sentido. Já em 2006 houve um distanciamento e nós voltamos a viver a realidade que conhecemos, sem tanta mídia. Daí esse aumento', explicou.
Em todo o Brasil foram registrados 39 crimes motivados pela questão da terra. Do número geral do país, o Norte registrou 28 mortes e o Pará 24. A Comissão, diz que apesar do aumento, todos os assassinatos tiveram resposta tanto da polícia, quanto da Justiça. 'Todos os assassinatos passaram pela fase de inquérito e ação penal e agora aguardam um posicionamento da Justiça', disse a advogada da entidade, Rosilene Silva.
O Estado também foi recordista nacional de outra estatística: a do número de ocupações. No ano passado, cerca de 18.561 famílias de trabalhadores sem terra participaram de 151 ocupações à propriedades. O dado coloca o Pará no topo da lista, apesar da região Nordeste ter sido a que mais registrou casos do tipo. O balanço da CPT também contabiliza o número de famílias expulsas de ocupações de maneira ilegal por pistoleiros e polícia. Ao todo foram registradas 1.058 expulsões deste tipo. Já os despejos com ordem judicial chegaram a 2.294 no ano passado.
A advogada da CPT acredita que a sensação de impunidade, além da falta de andamento no processo de reforma agrária é o que motiva o crime agrário. O último caso que teve resposta judicial - ao menos em parte - foi o sindicalista Dezinho, cujo executor Wellington de Jesus Silva foi condenado a 29 anos de prisão em julgamento ocorrido em Belém na semana passada. O mandante do crime apontado pelo Ministério Público, o fazendeiro Décio José Barroso Nunes, conhecido como 'Delsão', está foragido.

Fonte: www.orm.com.br - Redação Online (postada em 16/04/2007 às 17h5m)